quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lula e os jornalistas do Planalto

O presidente Lula fotografado por Ricardo Stuckert no início desta semana em sua última entrevista aos setoristas do palácio presidencial em Brasília. Quanta alegria...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Dez anos depois


Este final de semana foi de reencontro entre amigos dos tempos da faculdade de Jornalismo. Taubaté, onde tudo aconteceu, foi o local escolhido, dez anos depois. Até a casa que serviu para a festa já era lugar familiar para muitos de nós.

Aos poucos, um a um, os convidados iam chegando. Uns de longe, outros nem tanto. Alguns não chegaram. Abraços, beijos, gargalhadas, apelidos, histórias, alegria, maridos, esposas, filhos, novos rumos, muitas novidades. Festa, como antes, no melhor estilo the best of greatest hits of the 1997-2000. E parecia que tudo tinha acontecido ainda ontem ao passo que a noção de tempo já deixava de ter algum sentido. Foi momento para renovar o amor e o afeto.

Duas cervejas, para começar, uma Boazinha, para bicar, e um repertório que íamos relembrando em partes. Faltava o violão e algo que servisse de batuque. Um balde, pronto. Em princípio, algumas letras escapavam à memória e a voz já parecia não aguentar tanto – e o Coca ainda vinha tirar onda, dizendo que já fui mais desafinado. Quase acreditei! O Portela, paquito-mór, também me fez rir muito, quando a festa já se aproximava do seu fim, com a história do “Oooooi” que quase engoliu o suíço Joseph Blatter, do COI, durante um evento no Rio de Janeiro. É só procurar no YouTube.

Voltando ao repertório, o único desafinado, claro, é o NaRRRdo, sempre ele, querido por todos. Líder, nobre, íntegro, funker, cabelo malucão e um puta cantor. Fora da música, aprendi muito com ele sobre algumas sutilezas dessa nossa doce e amarga vida. Coisa que ele talvez nem saiba.

A primeira vez que o ouvi cantar e tocar depois da aula fiquei tão impressionado que esqueci de ir embora. Recobrei a consciência só depois que vi a dona da casa em que fiquei poucos dias hospedado, em Campos Elíseos, logo que cheguei à cidade, dentro do boteco, cutucando meu braço. Aquela senhora se viu obrigada a ir pessoalmente me buscar – coisas que a gente só vê no interior –, preocupada com a minha demora em voltar para casa. E ela nem tinha carro.

Voltar a encontrar esse velhos amigos do peito trouxe de volta uma tsunami de emoções e recordações. “Ô, Marô... uma máquina de tirar retrato não é capaz de registrar a voz de ninguém”; “Você, meu amigo de fé, meu irmão pingaiada”; “Mas aqui tem uns malandro que ‘precisa’ apanhá”; “Vai Zé... Ji-paraná, Rondônia, Guajará Mirim, Cacoal”; “Quando piso em folha seca, caída de uma mangueira”, “Samba, a gente não perde o prazer de cantar. E fazem de tudo pra silenciar. A batucada dos nossos tantãs”. E por aí foi...

Foram algumas boas e curtas horas para deixar a mente viajar livre no tempo.

Foi também momento para eu me reencontrar. Rebobinar o filme e lembrar minha chegada, em 1997, às terras de Monteiro Lobato, com algumas peças de um cacareco chamado “Agarra tudo”, um suporte de alumínio que servia para pendurar qualquer coisa que não ultrapasse 30 quilos. Uma maravilha, que poderia me render uns trocados. Mas, sem vender nenhum, tive mesmo que doar uns e dar um jeito no restante.

No maior clima revive, quis revisitar lugares, refazer alguns caminhos, resgatar passagens ocorridas entre o Pedrinho, o bar da esquina que depois virou do Carioca, do Fabinho, etc, e o Departamento de Comunicação da Universidade de Taubaté. São alguns cem passos a dividir esse famoso e inesquecível trecho da rua do Colégio, no Bom Conselho, cravado na região central da cidade. No meio do caminho, a pequena e singela casa de número 314, cenário para uma das mais marcantes histórias daquela época. Eu vi mamãe oxum, com certeza!

Mas ainda era preciso voltar ao ponto em que toda essa história começou. E lá fui, depois de conferir as quatro casas em que convivi com essas incríveis figuras, entre a rua do Colégio e a Getúlio Vargas.

De frente aos portões trancados da faculdade, agora com pequenas modificações estéticas, algumas visões tomaram meu subconsciente, com uma carga extrema de emoção. Era como se o prédio, ora vazio, estivesse em plena atividade letiva. Alunos, professores, funcionários apressados pelas escadarias. A porta do anfiteatro chegou a se abrir para que, assim, se pudesse ouvir o som que advinha de lá. Fora o eco das muitas vozes nos corredores.

Percepção de que muita coisa testemunhou-se ali naqueles quatro anos. Com a cara entre as grades do portão, a engrenagem cerebral traçava um paralelo entre as duas histórias, o antes e o depois, e cruzava de forma implacável caminhos e descaminhos de um jovem que buscou experimentar e dividir a todos essa tal liberdade, em seu sentido mais puro.

Até a próxima viagem...

Em tempo: em foto de bamba sempre falta um. Neste caso, vários ficaram de fora. Crédito: Lud do Fabinho