quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quando a droga consome o noticiário

Aproveitei a onda do crack que consome o noticiário para resgatar cinco reportagens que produzi de junho a agosto de 2005 para o jornal Contato, em Taubaté (SP). A série “A cara do tráfico” deu origem a outras três reportagens intituladas “Meninos do crack”, na qual foram abordadas questões como os efeitos devastadores da droga e a ausência de tratamento no sistema público de saúde para dependentes químicos, entre outros.

Foi preciso que uma jovem de 18 anos morresse, há quatro dias, no Rio de Janeiro, na esperança de salvar o namorado, para que a imprensa despertasse para a tragédia social do crack. A tragédia continua...


"O tráfico em Taubaté"

Tráfico de drogas x políticas públicas

Meninos do crack” (primeira parte)

Meninos do crack” (segunda parte)

Meninos do crack” (terceira parte)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bispo de Mogi das Cruzes volta a se reunir com Bento XVI

Nesta quarta (28), o bispo de Mogi das Cruzes (SP), Dom Airton José dos Santos, embarca novamente para Roma acompanhado de uma comitiva da CNBB (Regional Sul I). Dom Airton é o atual secretário-geral do Conselho Episcopal da Regional Sul I.

Acima, missa celebrada na Catedral de Sant'Ana, na qual o bispo aproveitou para despedir-se dos padres da Diocese.

A viagem ocorre a cada cinco anos com o objetivo de apresentar um balanço dos trabalhos pastorais realizados no mesmo período. Na agenda oficial, audiência com o Papa Joseph Ratzinger e peregrinação às tumbas dos apóstolos Pedro e Paulo.

O retorno está programado para o final de novembro. O vigário geral, João batista Ramos Motta, da paróquia de Santa Isabel, ocupará interinamente a função na diocese mogiana.

É a segunda vez que o Dom Airton vai ao Vaticano nos últimos meses. Em junho (foto), ele foi recebido por Bento XVI durante a celebração da Festa de São João Batista, na Praça de São Pedro. Leia “Habemus bispo!”.

A notícia –quentíssima- acabou de chegar por e-mail. Enviado por José Luis de Zayas, padre dos Arautos do Evangelho de Suzano e blogueiro. Saiba mais aqui.

Fotos: Divulgação

sábado, 24 de outubro de 2009

“Não trabalhamos sob a pressão do diploma”

Nomeado presidente da Comissão para a Definição de Novas Diretrizes Curriculares para o Curso de Jornalismo do Ministério da Educação e Cultura (MEC), José Marques de Melo, um dos mais respeitados intelectuais da Comunicação, depois de concluída a tarefa, agora percorre as universidades para debater os novos rumos do ensino de Jornalismo no Brasil. Ontem, o encontro com universitários, professores e jornalistas ocorreu na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).

Participaram da mesa (da esq p/ dir), Chico Ornellas (Grupo Estado), Guto Amaral (Sindicato dos Jornalistas de São Paulo), José Marques (centro), Márcio Siqueira (Grupo Mogi News) e Haisem Abaki (Rádio Bandeirantes).

O convidado de honra chegou a dizer que não se prenderia ao tema, mas não teve jeito... o fim da exigência do diploma virou o assunto da noite.

Confira a íntegra da entrevista, minutos antes do evento:


NA PENEIRA: Em suas abordagens sobre a revisão das diretrizes no currículo dos cursos de Jornalismo o sr. salienta a revalorização do diploma. Consequentemente, a atualização do perfil do estudante, a melhoria na formação acadêmica e a formação de profissionais competentes. Essas mudanças curriculares abrem caminho para isso?
José Marques de Melo:
É possível, sim. Os Estados Unidos fazem isso há cem anos. O que falta aqui [no Brasil] é vontade política e capacidade para realizar. Na universidade, forma-se jornalista para trabalhar.

“O objetivo é melhorar a formação do profissional para fortalecer a democracia”

Essa revisão deve-se mais ao fato de as atuais diretrizes serem de 2001 e, portanto, precisam ser revistas, ou ao fim da obrigatoriedade do diploma na profissão? O que pesou mais?
Nem um nem outro. A revisão foi uma iniciativa do ministro Fernando Haddad (Educação) ao ensino superior, para reformular todas as áreas do conhecimento. O objetivo é melhorar a formação do profissional para fortalecer a democracia. Essa é a meta. Ele chegou à conclusão de que essa revisão abrangeria quatro áreas: Medicina, Direito, Pedagogia e Jornalismo. Mas o diploma não tem nada com isso. Essa discussão já estava há tempos no Supremo [Tribunal Federal] e quando iniciamos os trabalhos não se tinha essa ideia [do fim da obrigatoriedade]. Ficamos surpresos quando soubemos da decisão. Não trabalhamos sob a pressão do diploma, mas para formar jornalistas do século 21, e também para o mercado, que está em turbulência. Se a revisão não estivesse antenada para isso, ela já estaria defasada.

“Não formamos jornalistas para fazer mestrado e doutorado; essa não é a função do curso de Jornalismo”

O sr. já manifestou em entrevistas anteriores seu descontentamento com a falta de diálogo entre a academia e o mercado, sem perder a esperança de que esse quadro se reverta a partir das novas gerações de jornalistas. O sr. acredita que essa revisão também pode contribuir para isso?
Pode contribuir. Por um lado, estamos valorizando a instituição de vários canais de resgate da comunicação com o mercado. O estágio é um exemplo disso. Esse diálogo com as empresas serve para que elas também apostem na formação de profissionais. Por outro lado, os projetos pedagógicos estarão voltados às necessidades da sociedade. Toda carreira forma profissionais para o mercado. Os jornalistas são formados para produzir notícias. Aonde? Nas empresas. Consequentemente, esse diálogo é decisivo para manter a carreira atualizada e dinâmica. Não formamos jornalistas para fazer mestrado e doutorado; essa não é a função do curso de Jornalismo. Você até pode descobrir vocação para pesquisa e orientar o aluno, mas trata-se de uma minoria. A maioria quer a redação. Se não quer, está havendo algum desvio. É como se o médico só fizesse pesquisa. Não dá.

“Fui assistir ao julgamento que decidiu sobre o diploma e fiquei horrorizado. Percebia-se que eles [ministros] não tinham ideia do que seja a atividade Jornalismo”

O sr. acredita na reversão do fim da obrigatoriedade do diploma?
Acho complicado. Fui assistir ao julgamento que decidiu sobre o diploma e fiquei horrorizado. Percebia-se que eles [ministros] não tinham ideia do que seja a atividade Jornalismo. Do ponto de vista constitucional, a decisão do Supremo vai ficar cada vez mais complicada. Mas os parlamentares já estudam uma nova decisão, que seja legal, porque a obrigatoriedade foi baseada em um decreto lei na época da ditadura. Agora, se for pelo mérito, a partir do parecer do ministro Gilmar Mendes, será difícil reverter.


FRAGMENTOS DO DEBATE:

José Marques: “Estamos vivendo a revolução das fontes. Antes, as decisões eram tomadas nas redações; hoje, as fontes estão condicionando o processo noticioso”

José Marques: “O jornalista, quando decide o que publicar, nem sempre pensa em seus leitores”

Haisem Abaki: “Quem trabalhou com papel e carbono não vai se esquecer nunca, porque, um dia, teve de sujar as mãos com tinta”

Márcio Siqueira: “Antes de vir para cá, conversei com um advogado que me disse: ‘A PEC do Diploma vai ser como a PEC dos Vereadores: não vai dar em nada’”

Guto Amaral: “A discussão está enraizada na ideia de que a tecnologia escraviza o jornalista. Essa discussão é errada. O Jornalismo está ligado à revolução tecnológica”

Chico Ornellas: “Se opor ao fim da exigência do diploma é se opor a um governo que se mete em uma questão que não lhe diz respeito. Jornalismo não é questão de governo”

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Arquivo Marighella.doc


Pronto. Fechei.

Depois de 56 e-mail’s, cinco entrevistados, mais de quatro horas de conversas e apuração por telefone, um milhão de referências na internet, três filmes e outros três livros consultados nos últimos três meses e 14 dias, finalmente entreguei a minha parte de uma reportagem sobre a morte de Carlos Marighella em 4 de novembro de 1969. O material vai se somar a outro preparado por Pedro Venceslau, repórter do Estadão.

O resultado você confere na edição de novembro da Revista Fórum. Anote aí.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

“Hoje, a mídia somos nós”


Nereu Leme, presidente da Casa da Notícia, esteve ontem à noite no Sebrae de Mogi das Cruzes (SP) para a sua palestra “Comunicação ao alcance de todos”. Em mais de 40 anos de profissão, acumulou passagens por Estadão, Folha de S.Paulo, Globo e Band. Blogueiro e músico amador, atualmente ele tem se dedicado à consultoria e à produção de livros para clientes da Casa da Notícia.

Ao final do evento, Nereu concedeu esta entrevista à coluna:


NA PENEIRA: Se considerarmos que, em Mogi, a proporção é de apenas dois jornais para 350 indústrias (dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento) e, no comércio, o número está bem acima das 1,5 mil médias e pequenas empresas afiliadas à Associação Comercial, pode-se entender que, na cidade, o espaço à publicidade na mídia impressa é bastante limitado. E cada vez mais essas empresas precisam ser vistas... Esse mercado está preparado para a comunicação 2.0?
Nereu Leme:
Pode não estar preparado, o que é mais provável, mas ele já se sente pressionado a buscar informações sobre esse bicho que é a comunicação 2.0 e também sobre as redes sociais. Na verdade, quem está no mercado sabe que precisa se comunicar, mas ainda não sabe como fazer, não sabe como chegar, não conhece o caminho. O objetivo aqui é justamente despertar o empresário para essa necessidade. O desafio então é como conseguir um espaço onde ser visto, e essas dificuldades estão sendo superadas pelas redes sociais, pela comunicação 2.0. É importante tomar a iniciativa. Hoje, a mídia somos nós. Não importa onde vai sair a nossa notícia, as empresas têm que se comunicar. As ferramentas estão aí.

“Credibilidade e transparência são os pontos-chave. E a transparência está na mensagem”

As empresas precisam aparecer. Hoje, na palestra, tivemos poucos empresários e profissionais de Comunicação, e uma maioria de jovens interessados em novidades na internet. Isso pode ser visto como sintoma de que as novas possibilidades a partir da internet ainda não foram totalmente assimiladas?
Em primeiro lugar, as empresas devem identificar as ferramentas que poderão ser mais úteis, e que são muitas: Orkut, Twitter, blog, Facebook, jornal, revista, tevê, rádio. E a partir daí desenvolver um plano de ação. Ou seja, quem ou quantas pessoas ela quer atingir e como fazer isso. Como? Release? Blog? Twitter? Campanhas nas redes sociais? Aí, vem a pergunta mais importante: o que eu vou dizer para esse público? Essa é a principal questão. É aí que entra em jogo a reputação seja da empresa, do produto ou da pessoa física [responsável por gerar a informação]. Credibilidade e transparência são os pontos-chave. E a transparência está na mensagem.

“O diferencial do blog é aquilo o que você escreve”

Qual o papel do blog, a partir dessas "novidades", dentro do mercado editorial?
Se você identificar bem seu público-alvo, ou seja, descobrir quais instrumentos utilizar para chegar até ele, essas novas ferramentas vão oferecer várias possibilidades. Definido o público-alvo, sabe-se também que tipo de mensagem ele quer receber. Identificou o veículo e a mensagem, pronto; não tem erro. Mas, para isso, é preciso haver um plano de ação, e se organizar. O diferencial do blog é aquilo o que você escreve.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O retrato do desespero

O repórter fotográfico Sidnei Costa contou à coluna os bastidores da cobertura durante a enchente que atingiu São José do Rio Preto (SP) no último dia 7. Foram dois segundos para captar o drama de voluntários no salvamento da balconista Gisele Cristina Nunes. “Alguém viu e gritou; foi só o tempo de virar e clicar”, afirmou.


A imagem correu a internet e estampou alguns dos principais jornais do País. Escreve aí... o trabalho é forte candidato a um dos melhores flagrantes jornalísticos de 2009.


Costa, 39 anos, milita há 14 no fotojornalismo. Estreou na Folha Norte –sucursal da Folha de S.Paulo em Rio Preto- em 1995. Passou pelo Diário da Região e nos últimos quatro anos fotografa para a Rede Bom Dia.

Não foi a primeira vez que o profissional enfrentou uma enchente por uma boa foto. Em julho, ele viveu situação parecida, acredite, no mesmo local. Veja aqui.

Depois do retrato, o relato. Acompanhe:


O CENÁRIO
- Eu tinha acabado de chegar na redação, às 14 horas, quando começou a chuva. Como já é comum inundar alguns pontos da cidade, avisei minha editora-executiva e saí com o motorista para fazer uma ronda. Fui para o local da foto por saber que tudo começa ali, na Avenida Alberto Andaló, além de ficar próximo à redação. Chegando lá encontrei Gisele na sua Bis, em cima da moto, encostada em outro veículo com a correnteza prensando ela sobre esse carro. Nesse momento, Thiago [um dos voluntários] já estava com a corda amarrada na cintura e entrando para tentar o resgate. Nesse local, há um posto de combustível, onde havia umas dez pessoas. Muita gritaria e desespero. Aí veio o pior. Não suportando a correnteza, Thiago caiu com Gisele e ela sumiu. Puxaram a corda e só veio ele. A moto foi levada, Thiago voltou e procurou por ela e não encontrou. Todos imaginavam que ela tinha sido levada pelas águas, mas depois de muita gritaria todos começaram a voltar às atenções para outro veículo, onde estava uma advogada chamada Regiane. De repente, Gisele conseguiu erguer um braço e mais duas pessoas entraram [na água] para ajudar no resgate.

OSSOS DO OFÍCIO
- Mesmo com a chuva, o lugar em que eu estava favorecia meu trabalho. O pior momento foi quando Gisele sumiu. Sem dúvida, o pensamento naquela hora era de largar tudo e entrar lá, mas já havia muitas pessoas lá e conclui que meu trabalho ali estava sendo feito.

UMA CHANCE
- Tive dois segundos para registrar a imagem principal [da mão erguida]. Consegui três fotos, duas boas. Foi muito rápido: alguém viu e gritou; foi só o tempo de virar e clicar. Permaneci ali até Gisele ser resgatada entre dez e onze minutos; ela ficou submersa três minutos. Foram muitas fotos. Num acontecimento desses temos que registrar tudo embora a maioria [das imagens] não represente muito o fato. Só nesta esquina, onde ocorreram os casos mais complicados com a Gisele, Regiane e o Thiago [que precisou ser resgatado], foram 223 cliques que, depois de selecionados, devem render no máximo umas 40 imagens para arquivo.

ROTINA
- Normalmente, duas ou três vezes ao ano temos inundações. Embora o fato tenha chamado a atenção da mídia, essa chuva não foi das piores. O prefeito [Valdomiro Lopes, PSB] tem como promessa de campanha acabar com o problema e diz que colocará o plano em prática no próximo ano.

O DIA SEGUINTE
- Essa foi a parte boa. Ainda no dia 7 já foi ótimo ver vários sites estampando a foto . No dia seguinte foi melhor ainda. Não sei ao todo quantos jornais a publicaram, mas o retorno de amigos e outros veículos foi grande. Com esse destaque, foi a primeira vez [que aconteceu]. A sensação é de dever cumprido. Gosto muito do que faço e, estar na rua registrando esses fatos, para mim é tudo. Tenho em mente que a melhor imagem ainda virá.

RATO DE ENCHENTE
- Já passei por enchentes piores aqui. A diferença dessa vez foi estar presente no momento em que o personagem correu risco de morte. Foi um momento dramático no qual fiquei satisfeito por ter um final positivo com o salvamento da Gisele. Por já ter passado por outras enchentes, é natural ter mais cuidado e saber até onde eu posso ir.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Chuva na Ponte



Bastaram 20 minutos de chuva nesta tarde para que a água tomasse algumas ruas na Ponte Grande, bairro de Mogi das Cruzes conhecido pelas inundações nos anos 1960-1970. Algumas mães tiveram dificuldade para levar os filhos de volta da escola para casa. Já os meninos aproveitaram a brincadeira.



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

“As pessoas preferem ignorar os deficientes. É mais fácil”

Foram os conflitos relacionados ao cumprimento de legislação especifica para aprovação de projetos que colocaram a arquiteta mogiana Bianca Cristiane, 29 anos, frente a frente com paradoxos entre a teoria e a prática da profissão. “Meus clientes questionavam por que deveriam estar em conformidade com a lei se nem a Prefeitura está adaptada”, disse na segunda (5) em entrevista à série "Direito de Resposta".

Em 2008, com a tarefa de concluir a especialização em Design de Interiores no Senac de São Paulo, Bianca passou a buscar na arquitetura um espaço universal, “acessível a todos”. De trabalho acadêmico a bandeira profissional, o assunto acessibilidade tornou-se paixão pessoal e mudou sua forma de enxergar o portador de deficiência no lugar público.

Não, Bianca não tem portadores de deficiência na família. “Mas é aí que entra a acessibilidade. Não tenho deficiência, mas um dia serei gestante e idosa, ou seja, nos dois casos terei a mobilidade reduzida. A questão não envolve só o deficiente, mas facilitar o acesso, independentemente da sua condição física, já prevendo o momento em que todos nós teremos a mobilidade reduzida, seja por um pé quebrado ou qualquer outro motivo”, justificou.

Recentemente, ela criou o blog Mogi Acessível. Leia mais em “Os obstáculos da acessibilidade”.

Por Marlon Maciel

NA PENEIRA: De onde surgiu a idéia de fazer um projeto acadêmico de adequação do prédio da Prefeitura aos padrões de acessibilidade?
Bianca Cristiane:
Na verdade, a proposta foi feita para todos os órgãos públicos que exigem a aplicação da legislação [baseada na NBR 9050, de 2004] para a aprovação dos projetos de construção e reforma e [descobri que] os próprios não se adaptam. Nenhum deles é completamente acessível. O único que prevê alguns itens é o Corpo de Bombeiros. Já a Prefeitura é a que mais apresenta conflitos entre a exigência da lei e a não adequação. O tema do projeto, apresentado na pós-graduação em 2008, foi “Projetar, Acessar, Integrar: Órgãos Públicos e o Design Universal”. Consiste na eliminação de barreiras arquitetônicas: mudança de mobiliário, atendimento capacitado, comunicação visual eficiente, implantação de pisos táteis, alarmes sonoros. Contemplou soluções com mudanças mínimas na estrutura física.

Qual o grau de acessibilidade o prédio apresenta hoje?
Partindo do ponto de vista dos deficientes, é zero. Os acessos aos andares superiores são feitos somente por escadas. Não há pisos táteis para direcionar deficientes visuais nem sonoros aos deficientes auditivos. O ponto crítico é a ausência de elevador.

Essas mesmas condições são encontradas em repartições públicas em todo Alto Tietê...
Na maioria dos casos, os prédios públicos são antigos, muitos deles tombados pelo Patrimônio Histórico. É uma grande contradição. Afinal, para que os pequenos projetos passem a ser construídos dentro dos critérios de acessibilidade, o exemplo deve partir de quem exige o cumprimento da lei.

“Mogi nunca será uma cidade totalmente acessível, mas pode melhorar muito”

Mogi é só mais um exemplo...
A cidade tem o agravante de ser “quatrocentona”. As ruas do Centro são estreitas, poluídas visualmente e existem os tombamentos pelo Patrimônio Histórico. Não há passeios públicos acessíveis nem prédios públicos totalmente acessíveis. Nunca será uma cidade totalmente acessível, mas pode melhorar muito. Uma das providências está sendo tomada: aprovar só os projetos que contemplem essas questões.

Você integra a Comissão de Acessibilidade e Transporte do Conselho Municipal para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência. Qual o papel da Comissão?
O combate à exclusão social no município é feito por meio da Casa dos Conselhos, integrada à Secretaria de Assistência Social, constituída por vários Conselhos. Entre eles, o de Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência, composto por funcionários públicos, entidades de apoio às pessoas com deficiência e convidados. Ele é responsável por ouvir as associações nas reuniões mensais que irão estabelecer diretrizes voltadas aos deficientes e sugerir medidas que assegurem o exercício da cidadania.

Hoje, há muito mais informação sobre acessibilidade/mobilidade urbana se comparado aos últimos dez anos. Na prática, porém, pouco mudou. É exagero dizer que o deficiente ainda é ignorado?
O problema está nas pessoas. Há pouco tempo, os deficientes simplesmente não existiam. Por ignorância ou falta de vontade em perceber que os deficientes querem ir às ruas, as pessoas preferem ignorá-los. É mais fácil. O arquiteto é elemento importante na mudança desse pensamento. Aos poucos, ele deve orientar seu cliente e explicar quanto valor agregado há em um projeto acessível. Esse processo ainda é muito lento e dependerá de conscientização e adaptações urbanas.

“As leis que hoje vigoram só funcionam porque são aplicadas multas. Se não for assim também com a questão da acessibilidade, ela nunca vingará”

Uma das questões na última reunião do Conselho foi justamente o conflito entre a aplicação de lei específica à aprovação e regularização de edifícios públicos e comerciais frente às construções e reformas feitas fora dos padrões de acessibilidade. Qual é a sua avaliação?
Há vários fatores que contribuem para esse quadro. Profissionais não capacitados, fiscalização leiga, proprietários desinformados ou que tentam burlar as exigências. Todos os projetos só devem ser aprovados se, no papel, estiverem de acordo com a legislação. Mas nas ruas não é isso o que acontece. É o velho “jeitinho” aliado à falta de fiscalização. As leis que hoje vigoram só funcionam porque são aplicadas multas. Se não for assim também com a questão da acessibilidade, ela nunca vingará.

A Prefeitura de Mogi tem planos de construir um Centro Paraolímpico, um centro de treinamento para paratletas. Não há uma incoerência nisso?
Sim. Por um lado, é incoerente, se considerar que temos ainda muito a melhorar na questão de acessibilidade, mas, por outro lado, vemos que há um comprometimento da atual administração sobre o assunto. Se realmente for criado esse centro de treinamento muitas coisas deverão ser adaptadas, a cidade deverá ter o mínimo de infraestrutura para receber os atletas e oferecer o mínimo de acesso à população.

“Agora, é cobrar para que as obras novas sejam feitas corretamente e não se tornem futuros problemas”

Mas isso não é como construir uma casa a partir do telhado?
Na maioria das cidades é isso que vai acontecer. É necessário rigor nas novas construções e aos poucos ir consertando as coisas já prontas. Não temos como “reconstruir” a cidade de uma vez, ainda mais uma cidade antiga como Mogi. Agora, é cobrar para que as obras novas sejam feitas corretamente e não se tornem futuros problemas e ir adaptando as obras antigas na medida em que precisarem de reformas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A reinvenção do economês?

Longe de ser considerado leitor assíduo do noticiário econômico, confesso que me surpreendi com o que vi hoje na edição nº 1 do jornal Brasil Econômico. Mais uma boa opção para os consumidores de informação.

Textos atrativos, leitura facilitada, abordagens interessantes, formato diferenciado nas 72 páginas, em papel salmão, recheadas de grandes anunciantes.

Infraestrutura, indústria automotiva, agronegócio, previdência, tecnologia, energia, eleição presidencial, pré-sal, telecomunicações, sustentabilidade e, claro, Olimpíada de 2016 estão entre os assuntos do dia.

Uma das entrevistas (no destaque acima) é com Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose. “Temos o caixa forrado e desengavetamos projetos. Com as novas fábricas dobraremos a atual produção, atingindo 5,4 milhões de toneladas de celulose e papel”, disse ao Brasil Econômico.
Já estou à espera da próxima edição.

Convite aberto


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Os obstáculos da acessibilidade



Estudo concluído no ano passado pela arquiteta mogiana Bianca Cristiane Santos revela que todos os imóveis nos quais funcionam órgãos públicos em Mogi das Cruzes não apresentam condições ideais de acessibilidade, o que compromete a mobilidade de portadores de deficiência. “Fiz levantamentos de adaptação para todos aqueles que exigem a aplicação da legislação [baseada na NBR 9050, de 2004] na aprovação dos projetos e [descobri que] os próprios não se adaptam”, afirmou.

O estudo apontou ainda que o prédio da Prefeitura é o que mais concentra exemplos do conflito: exigência da lei x não adequação. "O único que prevê alguns itens da legislação é o Corpo de Bombeiros". Na segunda (5), NA PENEIRA conversou com a arquiteta que recentemente criou um blog para debater o tema. Aguardem os melhores trechos da entrevista.

A indicação foi feita por Thaís Naldoni, editora do Portal IMPRENSA e ex-colega de redação. Valeu, Thaís!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Notícia de cordel


Sensacional o trabalho de um pessoal, no Rio Grande do Norte, responsável pelo Cordel online. Alta qualidade.

Para ilustrar, separei aqui um dos episódios mais importantes na carreira política do ex-prefeito de Biritiba Mirim, Roberto Pereira da Silva (PTB), o Jacaré, e que passou a servir de inspiração aos poetas.

O site resgatou uma notícia sobre o caso e, a partir dela, foram desenvolvidas sextilhas (estrofe de seis linhas). Uma melhor do que a outra. Segundo o site, o objetivo “é recuperar o aspecto jornalístico do cordel”. Vale a pena conferir...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ensaios de rock e liberdade

Passados 14 anos da última apresentação do Governofobia, Quique Brown, ativista cultural, integrante do Leptospirose (ouça mais) e empresário da música, sugeriu na terça (29/09) colocar a banda no palco mais uma vez. O convite já tem data e local definidos: será no próximo Cardápio Underground, em outubro de 2010, em Bragança Paulista (SP). Tempo suficiente para reunir o pessoal -espalhado entre Santa Catarina e São Paulo- para um ensaio prévio, relembrar alguns acordes.

Brown idealiza e organiza o evento desde 2003. O CU conquistou reconhecimento na cena independente e se tornou espaço concorrido, onde o rock se reencontra com algumas de nossas utopias. Deu tão certo que entrou para o calendário cultural da cidade. Confira programação 2009.

Já o Governofobia tocou pela última vez em 1995, na Difusão da Cultura Punk, em Bragança, lugar onde a maioria nasceu e cresceu. O evento reuniu anarquistas e duas dezenas de bandas vindas de várias partes do País. Os mais “calminhos” vieram de carona de João Pessoa até São Paulo. Caíram na estrada um mês antes para chegar a tempo. Conseguiram... Tocaram, comeram, beberam, dormiram e arrecadaram uma graninha para o cigarro e para as passagens de volta.

Dois dias de diversão libertária para um jovem de 16 anos.

Fiquei tão entusiasmado revendo essa história que decidi procurar no Google -mesmo sabendo que jamais havíamos jogado qualquer coisa sobre a banda na internet. E não é que encontrei. O texto é de Thiago Capodeferro.

A começar pela nossa primeira demo (em fita K-7) intitulada "Terceiro Mundo", gravações caseiras de alguns ensaios e um vídeo amador produzido durante a Difusão, deixamos poucos registros do período. Quase nada foi escrito, a não ser o Garganta zine, editado por Max (guitarra/vocal), e as três edições do Contra-Informação (acima), minhas primeiras lições no Jornalismo.

No próximo final de semana vou encontrar o Bibo (bateria), em Bragança. Ele prometeu separar algumas coisas que irão ajudar a ilustrar melhor essa história. Há futuro!

domingo, 4 de outubro de 2009

A incrível fábrica de jornalistas

Encontrei o anúncio enquanto lia uns artigos no Observatório da Imprensa. Atenção desviada, fui olhar a oferta mais de perto.

Acabei no site de uma empresa que comercializa cursos 24 horas à distância. Entre eles, Jornalismo On-Line: “ideal tanto para quem quer completar sua formação de Jornalismo, como para quem ainda não se decidiu pela carreira e quer conhecer melhor esta profissão tão promissora”, garante.

Enfatiza que “velocidade, tempo-real, hipertexto, interatividade, convergência de mídias (...) são as principais características e tendências (...) que você vai conhecer e dominar (...) para conquistar a atenção do leitor e tornar-se um Cyber Repórter de sucesso”.

E ainda promete fazer o aluno “perder o medo da tecnologia” e “ganhar dinheiro no ramo de Jornalismo On-line”. Tudo isso em apenas um dia!

De duas, uma: ou o curso é realmente excepcional -a R$ 40, não deve ser o caso- ou o aluno tem de ser gênio -e aí é bem provável que ele procure outras opções.