Por Marlon Maciel
Apesar das três ameaças de morte recebidas por telefone a partir da última terça (2), o editor de Polícia, Laércio Ribeiro, 54 anos, cumpre expediente normal hoje na redação de O Diário, em Mogi das Cruzes (SP), a 63 quilômetros da capital. “Não estou em pânico”. As ligações ocorreram entre as 18h30, de terça, e 15h30 de ontem. “Só dizia que ia me matar”, disse hoje de manhã por telefone.
O jornalista não descarta a participação de policiais no episódio. Há 30 anos, Ribeiro acompanha a rotina nas delegacias da cidade. Casado com uma delegada da divisão de entorpecentes da Polícia Civil, ele já assinou várias matérias sobre as máfias da CNH e do caça-níquel e também sobre o envolvimento de policiais civis em casos de extorsão a criminosos. “É difícil saber de onde vem o tiro”, afirmou. Recentemente, ele questionou em um artigo “por que só a PM fecha bingo?”, em referência a três cassinos lacrados em menos de 30 dias na cidade.
Ontem, ao sair deixar a sede do jornal, na região central, Ribeiro afirma ter sido perseguido no caminho de volta para casa. Segundo ele, era um veículo Gol azul, de vidros escuros: “Percebi pelo retrovisor, mudei o trajeto algumas vezes e o carro continuou atrás de mim. Eu acelerava e ele também. Não ia parar para perguntar, né?”.
Ele promete levar o caso amanhã ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), em Guarulhos, e ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Um boletim de ocorrência já foi registrado. “Alguma coisa precisa ser feita”. O caso foi divulgado hoje por O Diário.
O jornalista responde atualmente a processo por danos morais -um pedido de indenização no valor de R$ 50 mil- movido pelo ex-delegado seccional de Mogi, Carlos José Ramos da Silva, o Casé. Preso em julho de 2008, na Operação Carta Branca, o policial é acusado de integrar o esquema de falsificação de Carteiras Nacionais de Habilitação, em Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo.
Em tempo: A Revista IMPRENSA publicou em janeiro de 2008 relatos de profissionais que atuam onde o jornalismo representa uma ameaça. Veja aqui trechos da matéria assinada por mim e pela competente Angélica Pinheiro.
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